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Black Friday: comprar é bom e não cair em golpe é melhor ainda

por | 22/11/2023 | Artigos, Jurídico

Especialistas alertam que, assim como consumidores estão muito focados em aproveitar as promoções da data, criminosos também estão investindo em ferramentas para roubar dinheiro ou dados; confira dicas se proteger

Tem gente que planeja a aquisição de produtos durante meses para aproveitar as promoções da Black Friday, enquanto outras simplesmente querem aproveitar as ofertas do momento. Em paralelo, tem figuras que se aproveitam do clima de euforia para praticar golpes, roubar dados e clonar cartões de crédito, tanto de quem compra, quanto de quem vende.
Uma pesquisa realizada pela Abecs, associação que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento, apurou que 49% dos brasileiros pretendem realizar compras de produtos ou serviços nesta Black Friday e, em média, planejam gastar R$ 1.380. O valor total movimentado deve chegar a R$ 15,5 bilhões.
Apenas o comércio eletrônico (e-commerce) deve faturar R$ 7 bilhões, com 57% dos consumidores pretendendo utilizar esse meio para fazer suas compras, segundo pesquisa da NeoTrust.

“Sem dúvida, a internet é uma ferramenta incrível para a pesquisa de preços em relação aos mais variados fornecedores, o que ajuda o consumidor a realizar melhores escolhas”, aponta Natalia Gigante, sócia da Daniel Advogados. “Porém, é importante ter uma busca cuidadosa por páginas oficiais das marcas desejadas ou de seus distribuidores, tanto em relação aos websites, mas também em redes sociais e marketplaces”, orienta, acrescentando que é bom também observar comentários de consumidores e realizar buscas em sites de reclamações.

Para que boa parte desses bilhões não caiam nas mãos de criminosos, especialistas em segurança dão dicas para identificar ofertas fraudulentas e “pegadinhas” para roubar dados.

Quando a esmola é demais, o santo desconfia
Mesmo antes da data específica da Black Friday, este ano, dia 24, próxima sexta-feira, consumidores já estão sendo bombardeados com ofertas em diversos meios de comunicação.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alerta que, nesta época do ano, são comuns abordagens de criminosos com páginas falsas que simulam lojas de comércio eletrônico (e-commerce), promoções inexistentes enviadas por e-mails, SMS e WhatsApp, além da criação de perfis falsos de lojas em redes sociais.

Para não cair em golpes, vale o ditado “quando a esmola é demais, o santo desconfia”. O produto ofertado está com o preço muito abaixo do que é vendido no comércio em geral? O vendedor está te pressionando para fechar logo uma compra, dizendo que ela pode ficar indisponível? A chance de ser um golpe é grande, alerta a Febraban.

“Sempre fique muito atento: o produto tem um preço médio no comércio de R$ 1.000, mas alguém está anunciando o mesmo item por R$ 300? Há fotos e vídeos de antes e depois de produtos com resultados mirabolantes? A loja oferece poucas opções de pagamento? O e-commerce é recém-criado em rede social? Pare, pense e desconfie. Pode ser golpe”, alerta Adriano Volpini, diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Febraban.

A entidade alerta ainda que criminosos também clonam sites de varejistas conhecidas para induzir os consumidores ao erro, colocando uma letra a mais no endereço do site, que muitas vezes fica imperceptível para o cliente ou ainda trocando, por exemplo, uma letra “o” pelo número “0”.

“Por isso, recomendamos que o cliente faça sua pesquisa de preços, e quando escolher a loja, digite diretamente o endereço do site na barra do navegador. Nunca clique em links enviados por e-mails, SMS ou aplicativos de mensagens e sempre dê preferência para lojas conhecidas”, afirma Volpini.

Do outro lado do balcão
Da mesma forma que consumidores devem se precaver contra fraudes, as empresas também precisam ficar atentas, principalmente para vazamento de dados e até danos de imagem se forem associadas a ofertas enganosas.

De acordo com Natalia, os detentores de marcas devem adotar estratégias para coibir o uso indevido on-line, contando com assessoria jurídica e tecnologias para monitoramento e remoção eficaz de ameaças. “Essas práticas, recomendadas durante todo o ano, exigem atenção especial em datas como a Black Friday”, reforça.

Os varejistas também são alvos ideais devido ao seu tamanho, à infraestrutura altamente distribuída e às grandes quantidades de transações on-line e de pontos de venda com cartão de crédito, contando com muitos dados sensíveis “girando” em toda a rede.

Abílio Branco, chefe de Proteção de Dados da empresa de tecnologia Thales, recomenda que as empresas tenham informações precisas de em quais sistemas e fornecedoras estão sendo armazenados os dados e como eles são protegidos.

E, assim como usuários em gerenciar com mais zelo suas senhas, as empresas precisam estabelecer camadas extras de segurança para garantir que somente um funcionário devido possa acessar a rede.
Nesse sentido, Branco reforça que é preciso investir em boas práticas de segurança cibernética e treinamento de funcionários para que esses processos sejam adotados. “É preciso apenas um funcionário baixando a guarda para que os criminosos cibernéticos se infiltrem em toda rede”, alerta.

Uma pesquisa da Proofpoint, empresa de segurança cibernética e conformidade, apontou que 76% dos 50 principais varejistas do Brasil não estão tomando medidas apropriadas para proteger os consumidores contra possíveis fraudes por e-mail e crimes cibernéticos.

Segundo Rogério Morais, vice-presidente para América Latina e Caribe da Proofpoint, o e-mail ainda é uma ferramenta de marketing amplamente utilizada e um canal popular para que criminosos cibernéticos aproveitem para realizar instalação de armadilhas, como o phishing, em grande escala para roubar informações pessoais ou dados do cartão de crédito que podem, então, ser usados para se envolver em fraudes financeiras e de identidade.

Como se proteger para comprar sem cair em golpes
Confira algumas dicas importantes para comprar com mais segurança:

  • Evite utilizar dispositivos conectados em redes públicas de wi-fi por geralmente não possuírem nenhum tipo de mecanismo de segurança. Se for a única opção, não acesse o site do banco ou páginas que precisam de senha.
  • Ao comprar on-line, se um preço parecer bom demais para ser verdade, mesmo durante a Black Friday, fique atento, pois pode ser uma fraude. Não se deixe enganar por um “bom negócio” suspeito, sempre faça suas pesquisas e analise a procedência do fornecedor antes de comprar.
  • Ao acessar um site, procure pelo cadeado que fica do lado esquerdo do endereço da página. Essa imagem atesta a presença de protocolos de segurança. Além disso, busque por informações reputacionais da empresa como avaliações e reclamações.
  • Se você recebeu promoções e ofertas via e-mail, WhatsApp ou outro canal digital, não clique antes de checar a veracidade. Busque pela loja virtual e veja se possui o cadeado de autenticidade. No e-mail, verifique se o remetente é um e-mail corporativo.
  • Golpistas criam perfis falsos de lojas e patrocinam posts nas redes sociais para enganar o consumidor. Verifique se a página tem selo de autenticação, número de seguidores compatíveis. Desconfie de páginas recém-criadas.
  • Verifique com atenção as formas de pagamento oferecidas pelo e-commerce e desconfie quando existem poucas opções.
  • Você pode gerar um cartão de crédito virtual no aplicativo do emissor do cartão. A vantagem é poder bloquear o cartão logo depois de realizar a compra. Além disso, a numeração é diferente do cartão físico. Alguns emissores oferecem duas modalidades: cartão virtual temporário, com validade pré-determinada, e o recorrente, que pode ser salvo em sites e aplicativos para compras futuras.
  • Entre em contato com seu emissor e ative o recebimento de confirmação de transações com cartão via SMS, push ou outro meio de comunicação. Assim você tem controle total do uso do cartão, em tempo real.
  • Se for fazer uma compra presencial com cartão, sempre confira o valor na maquininha de cartão antes de digitar a sua senha.
  • Insira você mesmo o cartão na maquininha. Caso tenha entregado o cartão ao vendedor, sempre verifique se o cartão devolvido é realmente o seu. Golpistas costumam aproveitar o momento de empolgação e aglomeração no comércio de rua para trocar o seu cartão.
  • Se for pagar com Pix, sempre faça o pagamento dentro do ambiente da loja virtual. Quando o varejista fornecer o código QR Code, confira com atenção todos os dados do pagamento e se a loja escolhida é realmente quem irá receber o dinheiro. Só após essa checagem detalhada, faça a transferência. A mesma dica vale para pagamentos com boletos.

 

Matéria publicada no Valor Econômico.

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