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Famílias não sabem o que fazer para evitar perigos na internet

por | 21/09/2022 | Artigos, Tecnologia

Grande parte das familias acredita que não consegue proteger crianças e adolescentes na rede ou de influências ruins

Os pais sabem dos perigos, acreditam que os filhos passam muito tempo na internet, mas a maioria admite que não sabe o que fazer. Foi o que mostrou o levantamento feito pela Empresa Júnior UVV, em parceria com jornal A Tribuna.
A maioria dos pais entrevistados disse que os filhos passam muito tempo na internet, mas não sabem o que fazer. Grande parte acredita também que não consegue proteger crianças e adolescentes na rede ou de influências ruins.
O especialista em crimes cibernéticos Eduardo Pinheiro, colunista do jornal A Tribuna, alerta que o maior risco para crianças e adolescentes no mundo digital é usar rede sem a orientação dos pais. “São tantas as ameaças que somente uma avaliação de uma pessoa com mais discernimento e experiência poderá garantir segurança para os filhos”.

A advogada Flávia Brandão, presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família no Espírito Santo, destaca outros perigos, como a exploração, assédio e o abuso sexual. “Existe uma prática chamada de ‘grooming’, que consiste em ações de sedução cometidas por um adulto para contatar uma criança pela internet com o objetivo de ganhar sua confiança e amizade, e enganá-las de diversas maneiras”.
A forma como os filhos recebem a informação também pode oferecer perigo, como comenta o especialista em Tecnologia e Inovação Arthur Igreja. “Em um evento extremo, absorver um conteúdo errado pode ser determinante para que eles façam parte de desafios. Um ponto de ajuda são as ferramentas tecnológicas. Hoje, as plataformas prezam por filtros cada vez mais voltados aos conteúdos, ao endereçamento dos conteúdos para cada faixa etária”.

Mas, é importante que os pais levem em conta o estágio de desenvolvimento dos filhos para decidirem estratégias e dispositivos, destaca a advogada Nuria López, especialista na área de Tecnologia e Proteção de Dados.
“Existem aplicativos de monitoramento parental – que não são aplicativos espiões – que podem ser úteis quando falamos do acesso à internet por crianças. Contudo, ao passar do tempo, o melhor é reduzir o controle e aumentar o diálogo, incentivar o pensamento critico”.

Uso de celular nos finais de semana

Na casa da empresária Penha Arraz, 43, há regras claras para o filho Matheus Arraz, 13, usar a internet. Notebook é apenas para a escola, já o celular é só para o final de semana.
“Tivemos que tirar o celular porque estava deixando ele ansioso. Agora só utiliza no final de semana, com horário. Mas, converso muito com ele e ensino o que é certo, à luz da Bíblia, e sempre digo que temos sempre escolhas na vida. Acredito que protejo ele com muito diálogo, conversamos sobre tudo, inclusive sobre drogas, pedófilos, sequestro de crianças. Sempre digo que eles aparecem mostrando coisa bonitas no início e depois fazem o mal. Acredito que o diálogo é a melhor saída. Sempre digo a ele que temos de nos encher de coisas boas”, disse a mãe.

Sem abusos
A confeiteira Kleomara de Souza Benevides, 39, contou que está sempre fiscalizando o celular da filha Bruna Benevides Pinto, 16.
Ela explicou que o uso do celular tem regras, mas que a filha não costuma abusar e nem nunca encontrou nada que preocupasse.
“Tenho que saber com quem ela fala, o assunto, olho tudo. Sou muito rigorosa, mas sempre dou liberdade para ela conversar tudo comigo e ela me conta. Temos uma relação de confiança”, diz a mãe.

A PESQUISA
Atividades realizadas na internet
– Assistiu a vídeos, programas, filmes ou séries: 84%
– Enviou mensagens instantâneas: 79%
– Usou redes sociais: 78%
– Pesquisou para fazer trabalhos escolares: 71%
– Jogou, conectado com outros jogadores: 6%

Perfil em redes sociais
– Whatsapp: 80%
– Instagram: 62%
– Tik Tok: 58%
– Facebook: 51%
– Twitter: 17%

> Tik Tok e a mais usada entre crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos.
> Instagram é o mais popular entre os adolescentes entre 15 e 16 anos.

Dispositivos mais usados para acessar a internet
– Telefone celular
– Televisão
– Computador
– Videogame

> 78% dos usuários de Internet de 9 a 17 anos reportaram que possuem telefone celular próprio.

Local de acesso à internet
– Casa
– Casa de outra pessoas
– Outros locais
– Escola
– Em deslocamento
Fonte: Pesquisa Tic Kids Online Brasil 2021

ALGUNS PERIGOS | ATENÇÃO PARA OS CRIMES

I. Cyberbullying
É a prática de perseguição, humilhação, intimidação, agressão e difamação sistemática, o bullying, por meio de ambientes virtuais, como redes sociais e aplicativos de mensagem.

II. Happy slapping
Quando a agressão fisica inesperada, geralmente, é gravada e disponibilizada online.

III. Rooming
É aliciamento de menores pela Internet visando benefícios sexuais. O abusador ganha a confiança da vítima para cometer atos ilícitos como pedir fotos de nudez, por exemplo.

IV. Exposição a conteúdos inapropriados
Acesso ou exposição de crianças e adolescentes, a conteúdos violentos, de natureza sexual ou que gerem ódio, sendo prejudicial ao seu desenvolvimento.

DICAS
Construa um diálogo
Os filhos precisam ser auxiliados e orientados desde muito pequenos.
E pais precisam se colocar à disposição para conversar sobre tudo com seu filho, dessa forma, fica mais fácil estabelecer uma relação de confiança. É preciso também explicar o motivo de poderem ou não fazer determinadas coisas.
Dessa forma, eles não apenas obedecem, conseguem entender os perigos e evitam ocultar fatos para os pais. Evite ameaçar ou brigar.

Esteja atualizado
Os pais precisam estar atentos sobre o que acontece no universo virtual e lembrar que nesse ambiente tudo acontece muito rápido.
Busque saber quais são os desafios que estão circulando e fale deles em casa. Questione porquê o desejo de participar desses desafios, de onde vêm, qual a finalidade.
Criar momentos que sejam interessantes para crianças e adolescentes, pensar coletivamente estratégias para uma questão que é social, é urgente.
Aprenda novas formas de monitoramento para saber o que os filhos fazem na internet. Não como forma de invadir a privacidade, mas como meio de saber quais os riscos e ameaças que eles correm.

Monitore por idade
De acordo com a idade da criança, convém monitorar de formas diferentes. Para isso, o computador deve ficar em local centralizado da casa, e os celulares só devem ser permitidos a certas horas.
Adolescentes podem ter mais liberdade e privacidade, mas é importante que os pais saibam o que ele acessa e com quem se relaciona. É preciso diferenciar privacidade de segurança. Às vezes, a única forma de saber o que a criança ou adolescente faz na internet é analisando diretamente, fiscalizando, de preferência, na presença dele. Então, para evitar ultrapassar os limites, é preciso uma boa relação de confiança e conversar.

Esteja interessado
A melhor forma de compreender o que crianças e adolescentes fazem na internet é fazer a mesma coisa que eles fazem. Então, usar os mesmos aplicativos, jogar os mesmo jogos, sites, dá uma ideia de como funciona e quais conteúdos estão expostos.

 

Matéria publicada no jornal A Tribuna.

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