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Trabalho híbrido é desafio de comunicação corporativa

por | 14/04/2021 | Artigos, Diversidade

Organizações adotam medidas para garantir produtividade em novos modelos

O crescimento exponencial das teleconferências, o estresse das jornadas duplas, o gerenciamento de equipes a distância, a necessidade de administrar o tempo e conciliar a rotina de trabalho com o dia a dia das tarefas domésticas. Esses são apenas alguns dos desafios que os trabalhadores — e as empresas — vêm enfrentando desde o início das restrições impostas pela pandemia em 2020. E que, para muitas organizações, vieram para ficar. Os modelos de trabalho remoto ou híbrido, com jornadas mais flexíveis serão adotados total ou parcialmente por muitas empresas, mesmo quando a covid-19 deixar de ser uma ameaça.

Moisés Marques, diretor de recursos humanos da farmacêutica Novo Nordisk, observa que houve um agravamento do estresse entre os funcionários com a pandemia e explica as algumas medidas adotadas pela companhia para enfrentar o problema. “Criamos o Novo Elo, um programa voltado para o trabalho em equipe e socialização entre funcionários e com a liderança da empresa”, diz.

O programa também incluiu atividades de suporte à saúde e combate ao estresse, além de medidas como flexibilização de jornada e benefícios como transporte por meio de aplicativos como o Uber, para os funcionários no retorno ao escritório. Quando a crise passar, Marques acredita que o ambiente de trabalho não será como antes. “Não creio que teremos trabalho 100% remoto, mas acredito num modelo híbrido”, avalia.

Já a PPG Industries adotou algumas orientações para ajudar os colaboradores a lidarem com o chamado “novo normal”. Além de palestras com psicólogos sobre temas como ansiedade, a empresa instruiu os funcionários a respeitar períodos de descanso, realizar pausas curtas, respeitar o horário de almoço e forneceu orientações sobre como manter um ambiente de home office mais confortável.

“Essas dicas podem parecer simples, mas têm impacto no longo prazo para evitar desgastes físicos e mentais”, diz Patrícia Pires, diretora de recursos humanos da PPG para o Sul da América Latina. Além disso, a empresa adotou medidas como flexibilização de horário e locais de trabalho. “Alguns trabalhadores são matutinos, outros têm mais energia à noite e alguns simplesmente querem evitar a hora do rush ou pegar seus filhos em um determinado horário, por exemplo”, observa.

Com 96% dos funcionários em home office, o Bradesco Seguros, por sua vez, tenta manter a saúde física e emocional dos trabalhadores durante a pandemia. “O tema saúde mental se intensificou e se tornou uma das prioridades dentro da organização”, diz Valdirene Secato, diretora de RH da seguradora. Isso incluiu palestras sobre autoconhecimento, saúde, qualidade de vida e bem-estar, além de conteúdos especiais sobre meditação e gestão de tempo ministrados pelo monge Satyanatha, além de atendimento psicológico profissional e confidencial, para apoiar os colaboradores na resolução de problemas pessoais, familiares, legais e financeiros que pudessem impactar o bem-estar deles.

Para a Reckitt Health & Nutrition, o fechamento do escritório representou um processo de reinvenção, não apenas para estabelecer novos processos a distância, mas também para manter o engajamento dos funcionários. “Embora o home office ofereça uma série de vantagens aos colaboradores, há fatores que podem gerar estresse”, admite Gisele Jakociuk, diretora de RH da companhia.

Para aproveitar os benefícios e mitigar os riscos, a Reckitt criou um comitê de Saúde e Bem-Estar, com orientações diversas desde gestão de tempo ao lançamento de um Manual de Etiqueta Corporativa. Além disso, a empresa implementou benefícios para quem aderiu ao teletrabalho, com ajuda de custo para adaptar o espaço de trabalho em casa e pagar a conta da internet. Desde outubro, 40 funcionários da Reckitt adotaram o trabalho remoto em definitivo.

“Também alteramos nosso aplicativo de e-mail e agendamento de reuniões para que a reuniões agendadas tenham uma carga reduzida a fim de propiciar intervalos entre teleconferências e permitir aos colaboradores um tempo livre para descansarem, tomarem um café ou se prepararem para outras atividades”, conta Gisele.

O novo cenário leva as empresas a repensar o próprio espaço de escritório do futuro, adaptado à realidade do trabalho remoto e às jornadas híbridas. Em busca de um novo escritório em São Paulo, a Daniel Advogados não terá mais mesas individuais no novo espaço. E nem a CEO, Alícia Daniel-Shores terá sua própria sala. “As salas serão reservadas por aplicativo, de acordo com a necessidade. Salas privativas, só para quem tem necessidade específica para isso”, conta a própria Alícia. “E como não teremos mesas próprias, usaremos lockers para guardar nossos pertences.”

Matéria publicada no Valor Econômico. Leia aqui.

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